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França teme que violência em Gaza respingue no país

Por James Mackenzie

PARIS (Reuters) - Autoridades francesas condenaram um ataque com bombas de coquetel molotov a uma sinagoga na cidade de Tolouse, no sul da França, na noite de segunda-feira, que suscitou temores de que a ofensiva de Israel em Gaza possa acarretar violência na França.

A ministra do Interior Michele Alliot-Marie classificou a ação, na qual dois carros carregados de coquetéis molotov foram lançados contra as portas da sinagoga, como "particularmente estúpida e revoltante".

"O que quero evitar acima de tudo é que a preocupante situação internacional seja transposta para nosso território nacional", disse ela.

Ninguém ficou ferido no ataque, que ocorreu enquanto cerca de dez pessoas assistiam a uma aula com um rabino, mas despertou temores de uma nova onda de ataques contra judeus e propriedades judaicas na França, como ocorrido em ofensivas israelenses passadas.

Confrontos entre a polícia e manifestantes pró-palestinos em um comício em Paris no sábado já haviam relembrado o fantasma dos tumultos das "banlieues" que abalaram a França em 2005.

Mais de 12 carros foram tombados e diversos outros foram incendiados enquanto jovens manifestantes entraram em confronto com a polícia de choque e com bombeiros nas ruas próximas de algumas das maiores lojas de departamento da capital francesa.

A França abriga a maior comunidade muçulmana da Europa, mas muitos jovens filhos de famílias de imigrantes do norte da África ainda reclamam de discriminação. Há preocupações de que frustrações sociais mais amplas sejam alimentadas pela crise em Gaza.

"Estou extremamente preocupado com a forma pela qual algumas pessoas querem encorajar uma parte da população ou os jovens em particular a repetir na França conflitos que ocorrem a milhares de quilômetros", disse Dominique Sopo, presidente da associação SOS Racismo, à rádio France Info.

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, encerrou uma visita à região na terça-feira em uma tentativa de encorajar um cessar-fogo entre Israel e o grupo militante Hamas.

Apesar de condenar a ofensiva terrestre de Israel em Gaza, no entanto, ele permanece impopular entre vários jovens de origem árabe por sua posição linha-dura como ministro do Interior antes de se tornar presidente.

Muitos dos manifestantes de sábado cantaram "Sarko cúmplice" enquanto protestavam contra os ataques israelenses em Gaza.

"A vigilância em todos os níveis é a atitude do governo sobre isso", disse o porta-voz do governo Luc Chatel na LCI Television na terça-feira.