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Sarkozy não consegue romper impasse na UE sobre clima

Por Gabriela Baczynska

GDANSK, Polônia (Reuters) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, fracassou neste sábado em seu empenho para pôr fim ao impasse com ex-Estados comunistas na formulação de um pacote da União Européia sobre clima, mas previu que um acordo será alcançado na cúpula dos dias 11 e 12 de dezembro.

"As coisas estão indo para um bom caminho... Estou convencido de que vamos chegar a um resultado positivo", disse Sarkozy, depois de se encontrar com o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk e outros oito líderes do Leste Europeu. A França mantém atualmente a presidência rotativa da UE.

Tusk ameaçou vetar um plano da UE de corte até 2020 de 20 por cento do nível de emissões de gases causadores do efeito estufa registrado em 1990, a não ser que haja concessões sobre o uso de combustíveis fósseis. A Polônia depende de carvão altamente poluente para a produção de mais de 90 por cento de sua eletricidade.

O país argumenta que precisa de prazo até 2020 para frear emissões de carbono, por exemplo, pelo uso de aquecedores mais eficientes e equipamento de remoção de carbono e possivelmente com a construção de sua primeira usina nuclear.

Tusk disse que as conversações deste sábado, no porto polonês de Gdansk, obtiveram progresso, mas afirmou: "Estamos procurando um padrão criterioso para a cúpula da UE. Há ainda muito trabalho pela frente."

Os Estados mais pobres do Leste Europeu dizem que a aceitação de significativas reduções nas emissões de carbono vai prejudicar suas economias num momento de crise financeira mundial, impedindo-os de alcançar o nível dos países ricos da Europa ocidental.

O primeiro-ministro da Romênia, Calin Tariceanu, disse que a crise financeira está atingindo mais duramente os membros da UE do Leste europeu do que os da parte ocidental, mais rica.

Antes, ao falar neste sábado para delegados em Gdansk, para celebrar o 25o, aniversário da concessão do Prêmio Nobel da Paz a Lech Walesa, ícone polonês pró-democracia, Tusk pediu que as nações ricas da UE demonstrem mais apoio aos vizinhos mais pobres.

"Solidariedade também significa assumir responsabilidade pelo mais fraco", afirmou Tusk. Walesa comandou o sindicato Solidariedade, que nos anos 1980 ajudou a derrubar o comunismo no Leste Europeu.